07 julho, 2008

Manto Azul

Nos olhos o rosto dela e o horizonte
Na carne as cicatrizes dos açoites
Na boca o gosto de um beijo distante
Na alma a memória de todas as noites.

Partiu ainda em meio à madrugada
Trovões varavam o céu enegrecido
Donde estrelas extintas e estilhaçadas
Vinham estender no pó da estrada

Dia inteiro pé e peregrinação
Chão, chuva, charco e chaga
Sol, suor, sangue e solidão
Parto, vida, morte e praga.

De tanto andar chegou ao horizonte
Descobriu que além não havia nada
Deitou-se sob o manto azul do céu
Desenhou nas nuvens sua amada
E pôde então dormir eternamente.


Douglas Marin

1 comentários:

Anônimo disse...

Lindo o poema, Douglas? É de sua autoria?